Na primeira parte deste capítulo sobre os assuntos "quentes" do Concílio, falamos sobre um documento que influenciou e marcou toda uma tendência, o “Lumen gentium”, a reflexão da Igreja sobre si mesma. Na expressão do sucessor do papa João XXIII, Paulo VI, a Igreja neste tomou consciência mais profunda de sua identidade. Começou a saber com mais nitidez qual sua missão, suas relações com o mundo e com os outros cristãos, que também aspiram pertencer à verdadeira Igreja de Cristo.
A colegialidade dos bispos. Este foi um assunto que provocou longos debates nas sessões. Entravam em pauta: a posição do papa, a questão da autoridade e o magistério (quem manda, quem finalmente decide: o papa ou os bispos junto com o papa, como um colégio). Ficou claro que os bispos juntos formam o lugar dos apóstolos como seus sucessores, com o papa como o primeiro entre eles. A Igreja está organizada sobre bispos, os quais em conjunto, colegialmente, possuem responsabilidade e autoridade sobre toda a Igreja.
A colegialidade dos bispos. Este foi um assunto que provocou longos debates nas sessões. Entravam em pauta: a posição do papa, a questão da autoridade e o magistério (quem manda, quem finalmente decide: o papa ou os bispos junto com o papa, como um colégio). Ficou claro que os bispos juntos formam o lugar dos apóstolos como seus sucessores, com o papa como o primeiro entre eles. A Igreja está organizada sobre bispos, os quais em conjunto, colegialmente, possuem responsabilidade e autoridade sobre toda a Igreja.
Embora alguns classificam este como sendo o concílio dos bispos, é significante, que a primeira mensagem do novo bispo de Campina Grande, Dom Manuel, da diocese de Caicó, foi: “eu venho como irmão entre os irmãos”. A definição da colegialidade dos bispos a respeito do magistério na Igreja acentuou a grande importância do sínodo dos bispos, sendo como continuação do concílio.
A liberdade religiosa. Um outro assunto quente que também ainda hoje, não somente entra em debates políticos, mas é causa de divisão e até guerra dentre as nações. O assunto era difícil e complexo, deu muitas confusões, mesmo entre os bispos. Uns queriam não falar sobre este assunto a todo custo, com medo da Igreja se comprometer politicamente. Outros insistiam em enfrentá-lo, para que a Igreja esclarecesse sua posição. Um bispo Italiano, dom Albino Luciani, depois da morte de Paulo VI eleito como seu sucessor com o nome de Papa João Paulo I, diz em sua colaboração ao documento sobre a dignidade humana (Dignitatis Humanae): “Todos estamos de acordo de que há uma única e verdadeira religião, e quem a conhece é obrigado a praticá-la, e basta. Mas dito isso, há também outras coisas, que são justas e é preciso dizé-las. Isto é, quem não é convencido pelo catolicismo, tem o direito de professar a sua religião por vários motivos”. Pode optar por ser "protestante", por ser islamita, por ser budista?
A liberdade religiosa. Um outro assunto quente que também ainda hoje, não somente entra em debates políticos, mas é causa de divisão e até guerra dentre as nações. O assunto era difícil e complexo, deu muitas confusões, mesmo entre os bispos. Uns queriam não falar sobre este assunto a todo custo, com medo da Igreja se comprometer politicamente. Outros insistiam em enfrentá-lo, para que a Igreja esclarecesse sua posição. Um bispo Italiano, dom Albino Luciani, depois da morte de Paulo VI eleito como seu sucessor com o nome de Papa João Paulo I, diz em sua colaboração ao documento sobre a dignidade humana (Dignitatis Humanae): “Todos estamos de acordo de que há uma única e verdadeira religião, e quem a conhece é obrigado a praticá-la, e basta. Mas dito isso, há também outras coisas, que são justas e é preciso dizé-las. Isto é, quem não é convencido pelo catolicismo, tem o direito de professar a sua religião por vários motivos”. Pode optar por ser "protestante", por ser islamita, por ser budista?
O concílio nos diz que a atitude religiosa diante de Deus é tão importante e tão pessoal que ninguém pode ser impedido de tomar as consequências da opção da sua consciência. É inviolável e respeitada por Deus, não devendo sofrer coação ou violência nem do governo, nem das Igrejas ou qualquer outra pessoa ou poder. Este documento foi o mais discutido, e foi devolvido à comissão para ser reescrito com as emendas surgidas, e para ser tratado de novo no outro ciclo de sessões.
A questão dos Judeus. Um outro assunto quente foi a Igreja em relação, não somente com as outras igrejas cristãs, mas também com as religiões não-cristãs, entre elas especialmente a religião islâmica ou muçulmana e o judaísmo. Se o concílio se pronunciasse em favor do estado atual de Israel, teriam fortes consequências políticas em relação com os países árabes, especialmente com a Palestina. Os países árabes temiam que a intenção do concílio fosse reconhecer o estado atual de Israel. Mas não tinha nada a ver com as intenções do concílio. Tomou uma atitude de ordem doutrinal em relação com os Judeus “perversos”, assim chamados na antiga liturgia da Sexta-Feira Santa, rezando pela sua conversão, por ser considerados culpados da morte de Cristo. Os Judeus atuais não podem ser considerados como tal, foi dito na “Declaração Nostra Aetate sobre as relações da Igreja com as religiões não-cristãs”. Condena fortemente o anti-semitismo, não por motivos políticos mas, impelido pelo santo amor evangélico lamenta os ódios, as perseguições, as manifestações anti-semíticas em qualquer tempo e por qualquer pessoa dirigidas contra os Judeus.
A Igreja e o mundo moderno. Surge um documento muito bonito sobre a Igreja em relação com si mesma: o Povo de Deus. Mas como este povo de Deus deve se comportar no mundo moderno? Como deve agir como cristãos? Qual a sua missão? Nenhum documento sobre isso para ser apresentado nas reuniões dos bispos. Alguns cardeais (card. Suenens da Bélgica,e Alfrink da Holanda) se juntaram e formaram um esquema, chamado o renomado “Esquema treze”, que na apresentação durante as reuniões causou muita dor de cabeça e até noites sem dormir aos cardeais conservadores, entre eles especialmente o cardeal Otaviani, naquele tempo o chefe do secretariado da fidelidade da fé. Este esquema, virado no documento: ”Gaudium et spes”, o único documento que surgiu dentro do próprio concílio, trata o Povo de Deus agindo no mundo.
A questão dos Judeus. Um outro assunto quente foi a Igreja em relação, não somente com as outras igrejas cristãs, mas também com as religiões não-cristãs, entre elas especialmente a religião islâmica ou muçulmana e o judaísmo. Se o concílio se pronunciasse em favor do estado atual de Israel, teriam fortes consequências políticas em relação com os países árabes, especialmente com a Palestina. Os países árabes temiam que a intenção do concílio fosse reconhecer o estado atual de Israel. Mas não tinha nada a ver com as intenções do concílio. Tomou uma atitude de ordem doutrinal em relação com os Judeus “perversos”, assim chamados na antiga liturgia da Sexta-Feira Santa, rezando pela sua conversão, por ser considerados culpados da morte de Cristo. Os Judeus atuais não podem ser considerados como tal, foi dito na “Declaração Nostra Aetate sobre as relações da Igreja com as religiões não-cristãs”. Condena fortemente o anti-semitismo, não por motivos políticos mas, impelido pelo santo amor evangélico lamenta os ódios, as perseguições, as manifestações anti-semíticas em qualquer tempo e por qualquer pessoa dirigidas contra os Judeus.
A Igreja e o mundo moderno. Surge um documento muito bonito sobre a Igreja em relação com si mesma: o Povo de Deus. Mas como este povo de Deus deve se comportar no mundo moderno? Como deve agir como cristãos? Qual a sua missão? Nenhum documento sobre isso para ser apresentado nas reuniões dos bispos. Alguns cardeais (card. Suenens da Bélgica,e Alfrink da Holanda) se juntaram e formaram um esquema, chamado o renomado “Esquema treze”, que na apresentação durante as reuniões causou muita dor de cabeça e até noites sem dormir aos cardeais conservadores, entre eles especialmente o cardeal Otaviani, naquele tempo o chefe do secretariado da fidelidade da fé. Este esquema, virado no documento: ”Gaudium et spes”, o único documento que surgiu dentro do próprio concílio, trata o Povo de Deus agindo no mundo.
Ouvindo isso podemos entender como era difícil para a Igreja, na maneira como Ela estava vivendo, enclausurada dentro das paredes da sacristia, se colocar agindo no mundo de hoje, para corresponder à nova visão de si mesma: o Povo de Deus à caminho. O “Gaudium et Spes”: as alegrias e esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo (a primeira frase deste documento) é de inestimável valor. Nele a Igreja quis se pronunciar sobre os mais graves problemas que afligem os homens do mundo atual. Chama-se oficialmente: “constituição pastoral Gaudium et Spes, sobre a Igreja no mundo de hoje”. Embora disso mais tarde o teólogo padre José Comblin vai dizer: ”O concílio iniciou “tragicamente” cedo demais. Porque partiu ainda de uma visão da Igreja, como sociedade perfeita, como cidade sobre as montanhas....”. - Num artigo seguinte aprofundaremos este aspecto.
Foi através desse documento que o concílio mais atingiu sua finalidade pastoral de traduzir numa linguagem acessível a doutrina cristã, aplicando–as aos problemas naquele tempo existentes.