Nos dois artigos anteriores, foi mostrado como o Papa João XXIII achou necessário convocar uma grande reunião com todos os bispos do mundo: o Concílio Vaticano II. Cinquenta anos se passaram desde a abertura no dia 11 de Outubro de 1962. Aproveitemos esta comemoração porque parece urgente retomar o impulso renovador da Igreja, suscitado por este Concílio.
Hoje, a Igreja, em grandes partes e em muitos movimentos, está andando como nos anos antes deste concílio. Existe hoje uma vida eclesial em que instituições, como seminários, movimentos populares e organizações pastorais não possuem a força e o peso daquelas propostas pelo Vaticano II. O padre sociólogo, E. Hoornaert escreve em um artigo: “Hoje, 50 anos após o início do Concílio Vaticano II, a carruagem católica continua na lenta rotina de sempre. Só se percebe um intenso controle, exercido pelo Vaticano, sobre qualquer pensamento divergente. Parece que Roma fica satisfeita enquanto os católicos continuam assistindo a missa dos defuntos, batizados e casamentos.” E em uma outra oportunidade ele escreve: “Na sociedade muitos percebem hoje o que o papa João XXIII percebeu em 1959: o catolicismo perdeu muito do poder de atração que exercia antes. A Igreja não inspira mais projetos novos e se torna sempre mais reacionária e fundamentalista”.
Até o papa atual, Bento XVI, forte conservador, notou, agora, dizendo aos novos cardeais por ele nomeados: “Desculpem, Reverências e Eminências, mas a Igreja não vai com púrpura, barretes (chapéus) cardinalícios e intrigas e poder. Só o evangelho”. Se percebe infelizmente, de novo, um intensivo controle exercido pelo Vaticano (leia: pela Cúria Romana), sobre qualquer pensamento divergente, Leonardo Boff, Hans Küng e outros.
Parece que Roma só fica satisfeita com estatísticas de batizados e casamentos, pois os homens do Vaticano só se manifestam quando surge alguma voz discordante, capaz de derrubar essas velhas práticas, na maneira como são ministradas. A Igreja se torna, em nossos dias, mais e mais reacionária e fundamentalista, que esconde dentro de s um grande perigo. É por isso que queremos voltar ao Concílio Vaticano com alguns simples artigos. Pois este marco iniciou um tempo de renovação esperançosa da Igreja, se abrindo com grande sensibilidade para o tempo de hoje com seus problemas e dificuldades, que a vida atual apresenta mais forte do que nos tempos passados, procurando resposta à luz do evangelho de Jesus.
Pretendemos nos artigos, dar atenção a momentos decisivos do Concílio, assuntos "quentes", as ideias base, o desenrolar, os movimentos que precederam e as qualificações dos documentos conciliares.
É apenas uma preparação para a leitura e estudo dos documentos, facilitando a compreensão.